Ontem
quando retornava da locadora de DVDs próximo de casa, observei um homem que
sempre fica sentado numa cadeira durante o dia todo. Certamente seu estado de
saúde o obriga a ficar assim. Fiquei comovido.
Refleti
sobre isso, durante o caminho de volta. Perguntava-me o motivo de um ser humano
estar daquele jeito e, claro, milhares espalhados pelo nosso Brasil e pelo
mundo afora.
Nossa
sensibilidade fica mais expressiva em momentos como esse. Quem não fica
comovido quando vê cenas de sofrimento, seja num hospital, escola, em casa
mesmo?! Ainda bem que essa sensibilidade existe dentro de nós...
Mas,
ainda assim me questionei: se consigo refletir mais sobre o valor do ser humano
em situações como essa, vendo um homem doente, debilitado fisicamente,
dependente de outras pessoas para tudo, porque não consigo encontrar valor nas
pessoas aparentemente “normais” que estão ao meu redor?
Interessante
não é mesmo? Posso me emocionar olhando mais o valor da vida através da doença,
mas não consigo enxergar o mesmo valor em sua plena saúde.
Melhor
me expressando: sabe aquela pessoa que (achamos que) não nos damos bem? Sabe
aquela mulher ou aquele homem que, nem mesmo conhecemos direito, mas dizemos
que “não fui com a cara dele”? Ou então, quando perdemos tempo depreciando
aquela ou aquele outro junto com pessoas numa roda de fofoca? (pense um
pouco...).
Resumidamente,
nossa sensibilidade apenas acontece quando nos deparamos com situações que nos
obrigam a sermos realmente mais sensíveis com nosso próximo. Estar diante de um
doente de câncer em estágio final, obviamente nos faz mais humanos, mas será
que não podemos ser mais humanos respeitando aquele em perfeito estado de
saúde? Será que não podemos ser mais amorosos com aquele que as vezes, sem
desejar, nos é ranzinza ou rabugento?
Quantas
vezes poderíamos ser mais misericordiosos e benevolentes defendendo aquele ou
aquela pessoa que é alvo de fofoca dizendo: “quem sou eu para julgar meu
próximo?”
Acredite, agindo assim seremos mais humanos.
Não
se trata em ser melhor que o outro, apenas para se aparecer, mas sim em ser
mais humano usando um pouco de amor pelo ser humano. Mas que tipo de amor é
esse? O respeito, a consideração, a atitude de defender o outro pela verdade,
são características do amor sem receber nada em troca.
Falta hoje para a
sociedade uma pitada desse amor. Não apenas ficar se prendendo no amor de mentira
pregado pelas mídias com seus ídolos, pelas novelas, filmes, mas um amor muito
mais fraternal, muito mais despojado.
Tenho
observado que se ama mais um cão, que o próprio ser humano... Perdoe-me, nem
prosseguirei neste assunto...
Grava-se
no próprio corpo seu ídolo de futebol, seu cantor favorito, mas não se dá
atenção a um caído na rua...
Quando
olho para alguém, procuro ver meu semelhante. O que não quero de mau para mim,
não posso desejar para ele também, mas afinal, quantas vezes não mandamos para
aquele “lugar” alguém só por causa de uma atitude impensada, ou por um simples
esbarrão...
Puxa...
Há tanto para amarmos... Existe tanto para vermos com mais sensibilidade no
outro, naquele que nos passa despercebido no dia a dia.
Para
finalizar, na sua família, tá sobrando amor? Tá transbordando sensibilidade,
respeito?
Onde
está o amor?
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